Cinema Ambiental: Mostra Ecocine com Bate-papo Ecológico
Acreditamos que levar cinema de qualidade ao seio de comunidades deslocadas dos grandes polos de difusão da cinematografia nacional é consubstancial para uma formação cidadã dos indivíduos integrantes das comunidades envolvidas. Dentro deste viés, a Mostra Ecocine entende que a efetivação da proposta, torna-se ainda mais significativa ao ser orientada no sentido de uma intervenção contextualizada. Ou seja, a qual busca refletir sobre a realidade sócio-política, cultural e ambiental dos sujeitos para quem o cinema está sendo levado. Sobretudo, como o cinema, dentro deste contexto específico, pode atuar como uma ferramenta educacional para a ação sócio-política, a qual potencialize a formação de sujeitos críticos e comprometidos com tomadas de decisões sócio-responsáveis.
Dentro desta perspectiva, a mostra Cine Diamantina conjuntamente com as suas oficinas e debates se confira em uma intervenção artístico-pedagógica de educação ambiental multicultural. Ao mesmo passo, busca investigar alternativas para o desenvolvimento de abordagens metodológicas dentro do ensino não formal fundamentadas sob uma perspectiva CTSA (sigla para Ciência, Tecnologia, Sociedade e Meio Ambiente). Por uma perspectiva CTSA de ensino, podemos entender uma abordagem educacional que busca contemplar: (i) tanto um aprofundamento sobre a natureza da ciência, seu papel na sociedade e as implicações sociais e éticas do desenvolvimento científico e tecnológico; (ii) quanto conteúdos para a melhoria da capacidade de participação ativa de cidadãos críticos e reflexivos sobre os problemas ambientais.
Em consonância com fundamentos etnoecológicos da educação ambiental, objetivamos através das atividades conjugadas do Ecocine e do Bate-papo Ecológico, promover o estabelecimento de interfaces dialógicas entre saberes e culturas em prol de uma tomada de consciência para a necessidade de um desenvolvimento mais sustentável da região. Deste modo, os filmes deveram funcionar como temas geradores de debates estruturados sob questões sócio-científicas, os quais possibilitarão a articulação de interações argumentativas contextualizadas dentro do foco específico das problemáticas socioambientais que afligem as comunidades regionais. Serão destacadas em nossos debates: as questões concernentes aos malefícios do uso de agrotóxicos; bem como, a importância das águas, do manejo agroecológico e da agricultura familiar para um desenvolvimento mais sustentável destas comunidades.
Durante a elaboração das atividades prescritas para o Ecocine e o Bate-papo Ecológico, mantivemos em mente a seguinte questão: como dentro do contexto de uma intervenção artístico-pedagógica multicultural, por meio de práticas de educação não formal estruturadas sob questões sócio-científicas e encadeadas a partir das narrativas de filmes ambientais, podemos contribuir no enfrentamento e superação das problemáticas sócio-político-ambientais e culturais vivenciadas pelos moradores da região?
Centro Cultural Ariadna Fernandes
Terça Feira – 16/maio – 18:30

De Onde Vem a Água?
(Caio Ferraz, 22 min, 2016, SP, Livre) terceiro episódio da websérie do projeto VOLUME VIVO, mostra como o modo de uso e ocupação do solo no Brasil, marcado fortemente pelo desmatamento, não considera os biomas locais e seus serviços ecossistêmicos. Por meio de entrevistas com especialistas, o documentário explica como o ritmo da água vem se alterando e impactando os ciclos de chuvas locais e a fixação de água no continente.
O VENENO ESTÁ NA MESA II
(Silvio Tendler, 70 min, 2014, RJ, Livre) Após impactar o Brasil mostrando as perversas consequências do uso de agrotóxicos em O Veneno está na Mesa I, o diretor Sílvio Tendler apresenta no segundo filme uma nova perspectiva. O Veneno Está Na Mesa 2 atualiza e avança na abordagem do modelo agrícola nacional atual e de suas consequências para a saúde pública. O filme apresenta experiências agroecológicas empreendidas em todo o Brasil, mostrando a existência de alternativas viáveis de produção de alimentos saudáveis, que respeitam a natureza, os trabalhadores rurais e os consumidores. Com este documentário, vem a certeza de que o país precisa tomar um posicionamento diante do dilema que se apresenta: Em qual mundo queremos viver? O mundo envenenado do agronegócio ou da liberdade e da diversidade agroecológica?